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De Beirute a Nova York

Plano de atentado em Washington esquentará guerra fria entre Irã e Arábia Saudita

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
Atualização:

Amanhã, continuo com as matérias da Síria. Mas hoje preciso comentar os acontecimentos envolvendo o Irã e a Arábia Saudita.

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Existe uma Guerra Fria no Oriente Médio envolvendo o Irã e a Arábia Saudita. Os dois países estão em lados antagônicos na Síria, no Iraque, no Líbano, em Bahrein e na Palestina. Não apenas pelos iranianos serem xiitas e os sauditas sunitas, mas também por terem interesses distintos. Agora, o FBI divulgou um suposto plano de Teerã para matar o embaixador de Riad em Washington, esquentando o conflito.

Os EUA, historicamente, são aliados dos sauditas. Desta forma, críticas a Riad são evitadas publicamente, apesar de constarem em relatórios do Departamento de Estado. O presidente Barack Obama e a secretária de Estado, Hillary Clinton, costumam se calar diante de leis como as que proíbem as mulheres de dirigir ou de andarem sozinhas.

Os aliados dos sauditas na região também podem reprimir impunemente os opositores, como acontece em Bahrein, sem correrem o risco de serem levados para o Conselho de Segurança da ONU. Os crimes contra os direitos humanos praticados diariamente em Riad são ignorados nos EUA.

Já o Irã, onda as minorias e as mulheres também são reprimidas, apesar de pelo menos poderem trabalhar, andar sem acompanhantes e dirigir carros (e mesmo filmes), é o maior inimigo dos EUA no mundo. Todos os seus aliados são condenados duramente pelos americanos, como acontece com a Síria neste momento.

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Neste contexto, ficamos sabendo do anúncio de ontem de que Washington descobriu um plano de Teerã para matar o embaixador saudita nos EUA. Irã e Arábia Saudita, pela primeira vez, estão diretamente em choque. Seria como se americanos e soviéticos se enfrentassem nos anos 1970 ou 80. De qualquer forma, fica a questão não explicada sobre os motivos de o Irã querer atacar o saudita no território americana quando uma ação desta seria infinitamente mais fácil em Bagdá ou Beirute.

Independentemente da verdade, até agora,  aliados de iranianos e sauditas já travaram conflitos no passado e ainda travam no presente, como o Hezbollah (pró-Irã) contra o Muqatabal (pró-sauditas) no Líbano em 2008, sunitas e xiitas no Iraque e em Bahrein nos últimos anos, e o Hamas versus Fatah em Gaza. Vamos ver o que acontecerá agora. Mas é grave, muito grave. Não há mais chance de retorno para diálogo envolvendo iranianos, americanos e sauditas.

Obs. A resposta do post da teoria dos jogos será publicada depois da série de matérias sobre a Síria

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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