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Empresas brasileiras começam a se voltar para o exterior

Foco inicial já deixa de ser apenas o Brasil

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Por Filipe Serrano
Atualização:

Publicado no 'Link' em 17/9/2012.

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Foco inicial já deixa de ser apenas o Brasil 

Enquanto a Apple se preparava para o lançamento do iPhone 5, outro evento importante ocorria em São Francisco na semana passada. Foi lá, durante a feira TechCrunch Disrupt, que Mark Zuckerberg concedeu sua primeira entrevista - e fez sua primeira aparição pública desde a abertura de capital do Facebook em maio. Foi no evento que, entre outras coisas, ele falou sobre a decepção com o desempenho das ações.

O encontro, organizado por um dos sites de tecnologia mais renomados, também teve a participação de muitos dos nomes mais influentes do Vale do Silício. Entre eles estavam os fundadores do Twitter, Evan Williams, Biz Stone e Jack Dorsey, e investidores Vinod Khosla, Ben Horowitz e Reid Hoffman - que também é o criador do LinkedIn. E lá no TechCrunch Disrupt, em meio a um dos eventos mais importantes do setor de tecnologia, é que estavam 39 startups brasileiras.

Não foi uma simples presença. O Brasil tem chamado a atenção de investidores internacionais nos últimos anos e pela primeira vez foi montado um pavilhão dedicado somente aos empreendimentos de internet nascidos aqui no País.

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Um vídeo publicado pelo TechCrunch mostrou um pouco como era o ambiente. Cada uma das empresas ocupava um pequeno espaço - nada mais do que uma mesa com um computador e um painel explicativo, em inglês, sobre o seu negócio. O apresentador do vídeo, Mike Butcher, corria para entrevistar alguns dos representantes das empresas brasileiras em cinco minutos, pedindo que resumissem em uma frase do que se tratava seu projeto. Alguns iam bem, outros se alongavam, uns tinham dificuldade para explicar o que era. Apesar de haver um certo amadorismo à brasileira, é interessante ver como as novas empresas de internet do País hoje já estão mais adaptadas ao ambiente internacional característico do mercado de internet.

Algumas delas já se voltam totalmente para o exterior, e não apenas para o mercado interno. O idioma principal dos seus sites é o inglês e seus nomes usam termos que funcionam em mais de uma língua. É a primeira indicação de que não esperam alcançar usuários ou clientes apenas dentro do País - o que era costume bastante recorrente das empresas brasileiras de internet até pouco tempo atrás. Hoje, a atuação global já começa a ser perseguida pelos empreendedores brasileiros.

Entre algumas startups das que parecem ter adotado o formato internacional, está, por exemplo, a We Go Out (site de recomendação social de baladas), a Moovia (espécie de rede social profissional), a Nativoo (para ver dicas de cidades turísticas dadas por moradores locais), a Emotion.me (para planejar casamentos) e a Zoop (que tem uma máquina de pagamentos por cartão de crédito que pode ser adaptada em um smartphone). Todas elas estavam em seus pequenos estandes.

Mesmo as empresas que focam no mercado brasileiro partem de ideias que buscam solucionar demandas das pessoas no dia a dia. São formas novas que usam as possibilidades abertas por recursos tecnológicos que antes não estavam disponíveis, focando especialmente nos relacionamentos entre as pessoas. É essa a característica típica de uma startup que muitos parecem esquecer quando pensam em criar uma empresa de internet. Ter uma ideia diferente e aproveitar aquilo que a própria internet possibilita para oferecer um serviço novo é a principal força dos novos negócios online.

É claro que o Brasil não era o único país com um pavilhão próprio no Disrupt. Também estavam lá Argentina, Chile, México, Israel e Coreia do Sul - alguns dos países que são vistos com entusiasmo pelos investidores estrangeiros do setor. Mas ver que as empresas brasileiras já entenderam que precisam ter algo novo apontando para uma internet mais ampla do que a do Brasil é um grande avanço. Assim, não haverá apenas uma expansão do setor por aqui, mas também um fortalecimento geral, para que esta não seja apenas uma moda passageira.

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- o Coluna anterior3/9: O efeito social ultrapassa os limites do Facebook

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