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O fundamental é fazer um grande acordo

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Por Redação
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 Foto: Estadão

No altar, não há cena mais forte do que o momento em que o padre pede aos noivos que digam que ficarão juntos 'na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe'. Tudo bem, concordo que o texto é forte e tão emocionante que provoca nos parentes mais próximos as lágrimas mais pesadas e afluentes. Mas, esquecendo o ritual, convenhamos que isso tudo é puro simbolismo, e essa frase aparentemente tão especial não passa de uma promessa.

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O que existe na vida real, mesmo, é outra coisa, bem diferente. O que manterá (ou não) essa relação nasceu muito antes, talvez até desde o primeiro beijo. Envolve sentimento, carinho, afeto. E outro pequeno item muito importante, pelo menos na minha humilde opinião.

O que faz com que as pessoas cheguem ao altar e se mantenham juntas depois que descem dele é um acordo. Um grande acordo.

Qual é a diferença entre a promessa ao padre e esse acordo? Vamos dizer apenas que é a mesma entre o político num palanque eleitoral e o presidente que assina um acordo entre dois países. Permita-me reformular o conceito um pouco, porque acho que a comparação ficou meio esquisita. Quer dizer, ela até faz sentido, mas soou, sei lá, muito diplomática. E os diplomatas que me perdoem, mas uma relação entre duas pessoas é muito mais complexa que uma relação entre dois países.

O importante é que esse acordo entre o casal seja definido desde o início. O sucesso de um relacionamento pode ser medido pela clareza das normas de seu acordo, e pelo interesse das partes envolvidas em segui-lo. Se, em algum momento da vida a dois, uma das partes deixar de seguir o acordo da maneira como ele foi preestabelecido, pode ter certeza de que haverá ali uma ruptura.

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Temos que ser honestos e lembrar que esse acordo pode sofrer reajustes, porque isso é da natureza da vida. Não chega a ser um problema. Cláusulas pequenas são fáceis de serem adaptadas a novos cenários. O que um acordo não pode perder é sua essência, porque é aí que está a sua solidez, sua confiabilidade. Todo mundo muda, e é normal constatar que os acordos devem ser revistos de tempos em tempos. O que eles não podem é ser anulados, como se nunca tivessem existido. Não dá.

Peço desculpas pelo caráter técnico deste texto e chamo sua atenção para um último detalhe. Apesar de todas as formalidades, não há nenhuma evidência de que esse acordo precise ser registrado em cartório. Ele pode ser verbal, espiritual, sensorial. Basta que ele exista e seja respeitado por ambas as partes. O resto é promessa.

Foto: Leandro Soares/AE

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