2010. Vinte e seis anos depois, a Apple apresentou o iPad. Seria uma nova revolução?
Ao que tudo indica, sim. O iPad ainda não é vendido no Brasil, mas algumas das principais publicações impressas nacionais já lançaram suas versões para o tablet. É o caso do Estadão, primeiro jornal, e da Veja, primeira revista. Nos Estados Unidos, o iPad chegou às lojas em abril e, em junho, a Apple anunciou mais de três milhões de produtos vendidos.
Tivemos a oportunidade de discutir o iPad e o futuro dos jornais com Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo do Grupo Estado; Roberto Gazzi, editor-chefe do Estado; Pedro Doria, editor-chefe de Conteúdos Digitais do Grupo Estado e Daniel Piza, editor-executivo do Estado. Algumas questões foram recorrentes.
Modelo de negócio. Com a popularização da internet, em meados dos anos 90, jornais e revistas passaram a buscar um modelo de negócio rentável e sustentável frente à web, onde conteúdo gratuito é quase regra.
Pouco mais de uma década depois chegam os tablets - ainda não tão populares, mas promissores - e o futuro dos impressos pode ser digital. A aposta do Estadão é essa, pois o jornal tem sua versão para tablet desde o lançamento do iPad, em abril.
Papel do jornalista. Os tablets oferecem uma série de recursos impossíveis no impresso: vídeos, áudios de entrevistas e galerias de fotos. Eles já existem na internet, onde as informações estão difusas, saturadas e mudam com velocidade. Mas nas edições em tablet o leitor encontra esse conteúdo organizado e profundado. Aí entra o papel do jornalista.
Nossa profissão é responsável por editar o mundo de informações. O trabalho envolve: filtrar, contextualizar, aprofundar, hierarquizar, detalhar. O jornalista é um curador e deve ter um olhar criativo.
Futuro. A confusa equação que envolve variáveis como tablet, modelo de negócio e futuro do jornalismo ainda não tem resposta certa. O tablet será a evolução do impresso ou é uma nova mídia? O leitor pagaria por uma edição em tablet o mesmo que paga por uma revista ou jornal impressos? Uma consideração é certa: informação de qualidade custa caro - e o leitor paga bem a quem lhe oferece o melhor conteúdo.