Logo na segunda semana de curso, Luiz Carlos apresentou aos recém-chegados a região central da cidade. Recebemos, nas escadarias da Sé, dicas para a nossa segunda reportagem, cujo tema seria o centro. Escrevi sobre o forte comércio, que empregava jovens como Flávia, de 20 anos. Ela havia preenchido há um mês uma vaga de auxiliar administrativo em uma confecção. Também conheci Lucineide, de 42, que comprava no centro para revender no seu bairro, Itaquera, e assim garantia renda.
Memorável também será a rotina de incerteza dos ambulantes do Parque do Ibirapuera, a qual relatei em outra matéria. Os vendedores me contaram o receio de perder o direito de permanência no parque, garantido por uma licença precária. Não bastasse isso, alguns mostraram preocupação com as vendas, que não iam bem. Uma senhora de 68 anos disse que era comum terminar os dias com o carrinho cheio de mercadorias. O comércio - que sustentara as duas filhas após a morte do marido - precisava render para ajudar os seis netos. O mais velho, criado entre as árvores do Ibirapuera, enfrentava o vício em drogas.
Junto a outras, essas histórias originaram reportagens, devolvidas com muitas marcações. Luiz Carlos destacou os erros de cada uma, sem se esquecer de apontar o que ficou bom. As considerações, em forma de recado, terminaram sempre com um abraço. Mais uma das boas recordações que levaremos conosco.