1) Manter o consumo diário de informação e cultura. Informação inclui ler os dois maiores jornais diários, as revistas semanais (ou pelo menos saber o que elas estão dando) e dar uma olhada nos portais de notícias. Cultura começa em bons livros e passa por cinema, música, arte e viagens - dentro dos interesses (e possibilidades) de cada um. Aliás, vamos sempre nos aprofundar mais naquilo que nos agrada, mas não dá para não saber o básico de todo o resto, e desconhecer o que está acontecendo na cidade, no País e no mundo. Até porque podemos ser levados, a qualquer momento, a escrever sobre outras coisas que estão fora do nosso mundinho de interesses. O desafio é justamente conseguir encaixar esse consumo de informação em uma rotina de trabalho que já é intensa e pesada.
2) Trabalhar o olhar para encontrar pautas. Nesse começo de carreira, ter ideias não é nada fácil. Forçamos a cabeça e nada sai. O tempo e a experiência vão dando subsídios para que consigamos educar nosso olhar, captar aquilo que interessa, ser criativos e, enfim, bolar pautas. Isso vale tanto para assuntos pouco explorados como para temas já batidos, mas que podem render se forem abordados de uma forma diferente. Ao desafio de encontrar pautas, soma-se o de vendê-las na reunião e emplacá-las diante dos editores. Os riscos de não conseguir bolar pautas? Fazer sempre as pautas impostas pelos outros e, eventualmente, perder espaço para outras pessoas mais espertas e criativas que você.
3) Evoluir na apuração deve ser um esforço constante. Afinal, ela é o coração de uma reportagem. O lance é pegar o touro pelos chifres, atacar a timidez, vencer a preguiça, enfim, superar tudo o que for necessário para inteirar-se do assunto, conseguir reunir mais e melhores fontes e conseguir produzir a matéria ideal: aquela em que você pode se dar o luxo de desprezar boas informações, porque tem material de sobra e pode incluir apenas as melhores. Desafios paralelos: expandir sua rede de contatos, manter uma boa relação com eles e conseguir tê-los organizados e sempre à mão - com alguma ferramenta mais eficiente que os bloquinhos de papel, que se perdem por aí.
4) Texto bom não é diferencial, e sim requisito. E tem que sair rápido. Quer dizer então que você tem um texto maravilhoso? Sinto lhe informar que as pessoas que trabalham nos grandes veículos foram peneiradas por diversos tipos de seleção, então em geral todas elas sabem escrever bem. Esse dom podia ser um diferencial enquanto você estava fora da redação e se comparava com seus amigos, que tinham níveis de desenvoltura variados. Ali dentro, texto bom não é diferencial, e sim requisito. Não espere ganhar uma medalha, porque isso é básico. E não é suficiente: você precisa escrever bem e dentro do prazo imposto, sob a pressão do seu fechamento. Por isso, treine seu ritmo e vá aprendendo a soltar o texto cada vez mais rápido.
5) Melhorar o networking. Esse ensinamento é repetido por aí como um mantra, e o Curso e a vida vão nos mostrando o quanto ele é importante. Fazer-se conhecer pelos outros é fundamental. Na redação, nos plantões, nas festinhas, nos botecos. Além de render amizades sinceras, que podem durar para a vida toda (ou não), isso pode abrir oportunidades profissionais, dentro do seu veículo e fora dele. Ao mesmo tempo, é preciso saber dosar a mão: ir com calma, ser suave, não forçar a barra. Senão você vira um cara chato, e o tiro sai pela culatra.Thiago Lasco de Magalhães, de 33 anos, é formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero