Já havia iniciado a 3ª série do ensino fundamental quando tive que trocar de escola repentinamente. De um dia para o outro a rotina mudou por completo. Para começar, deixei de estudar de manhã para ter aulas à tarde. Além de usar outros uniformes, tive de decorar o nome dos novos colegas e correr atrás do conteúdo passado. Porém, o mais difícil de tudo foi arrumar vaga nos times de futebol na hora do recreio.
Todos os desafios foram grandes para quem estava há seis anos na mesma escola, no mesmo ambiente, totalmente habituado e acomodado. De uma hora para outra tudo mudou. Fiz a mesma mudança outras vezes e tudo o que é novo sempre desperta insegurança.
O ciclo será parecido nesta etapa de atividades práticas nas redações do Grupo Estado. Com isso, assim que os jovens jornalistas começarem a se acostumar com alguma editoria, terão de mudar de "escola" e se acostumar com um novo ambiente na segunda-feira seguinte. A cada começo será hora de conhecer os novos colegas, o ambiente e os tutores, que não deixam de ser professores.
Cada área do jornalismo possui certas nuances e artimanhas. Por isso cada etapa do rodízio será basicamente um ciclo de choques de realidade e da busca por uma adaptação rápida. Mas tem de pegar o jeito antes mesmo do fim da semana, porque na outra segunda-feira tudo começa novamente e um novo desafio estará por vir. Nossas matrículas já estarão prontas, só que, como se trata de vida adulta, não tem mais futebol para jogar no recreio.
Ciro Campos, de 23 anos, é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)