A mais de mil quilômetros daqui, em Brasília, as nuvens é que fazem o papel de artistas e mancham o céu com figuras abstratas. Subir a escada rolante não é algo comum de se ver. A grama, apesar de seca nesta época do ano, é solo para os ipês que colorem o visual da capital federal e deixam as tardes ainda mais bonitas, com o pôr-do-sol "mais encantador do País", segundo gaúchos, paulistanos, nordestinos, mineiros e amazonenses que rumaram para o Planalto Central. De cima, é possível ver as curvas do conhecido avião que define o Plano Piloto. Nem tão grande quanto São Paulo, nem tão pacata quanto o interior. O tom da cidade planejada, cheia de padrões, é dado por quem chega de fora.
As semelhanças? União de culturas e atratividade para quem pretende tentar a vida. Diferenças? Além do tamanho, dinâmica, aparência, e locomoção, a receptividade. Mais comum do que as reclamações da dificuldade de transitar pela cidade é ouvir quem chega a Brasília dizer "as pessoas são frias, não fazem laços de amizade". Diversão, em sua maioria, cara e sem variedade. A secura racha os lábios e faz sangrar o nariz dos acostumados a chuvas. Assim como toda regra, há exceções, mas a cidade, lá, maltrata, exausta, exclui. A recompensa vem da beleza do cerrado.
Trocar a capital federal pela capital financeira do País impressiona e impacta pela grandiosidade da segunda. Mas, apesar da correria, do individualismo aparente, e das dificuldades de um lugar dessa dimensão, a receptividade sentida em terras paulistanas é maior que no Planalto Central. Para compensar os esbarrões sem desculpas, não existe aqui a necessidade imprescindível de utilizar carro para se locomover. Em contraponto com as dificuldades impostas pelo tamanho, há uma série de opções de diversão para todos os gostos e bolsos. A grande cidade, mãe de todos, aberta a todos, é aqui. O serviço público e a organização da capital federal ficam, apenas, com o título de cidade grande.
Débora Álvares, de 23 anos, é formada em Jornalismo pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB)