Pergunte para um médico, um nutricionista ou um educador físico o que fazer para viver mais e provavelmente você receberá respostas com as seguintes recomendações: exercite-se regularmente, tenha uma alimentação saudável e faça check ups . Embora todas sejam importantes, poucos se lembrarão de dar o conselho que comprovadamente mais aumenta a expectativa de vida: estude.
Há abundantes evidências mostrado que cada ano de estudo a mais não só aumenta o salário, mas também melhora diversos índices de saúde de forma independente do dinheiro - mesmo descontando o efeito da melhora financeira, quem estuda mais adoece menos e demora mais para morrer. Um dos principais motivos para isso, especula-se, é que com mais estudo as pessoas desenvolvem mais atitudes saudáveis. Americanos só com o ensino médio ou menos fumam três vezes mais do que os universitários, por exemplo, e estudo correlaciona-se também com mais atividade física. Em suma, é provável que a educação ajude no desenvolvimento da nossa capacidade de planejamento, adiamento de gratificações, capacidade de tomada de decisões levando em conta os efeitos de longo prazo - todos comportamentos ligados ao desenvolvimento do córtex pré-frontal do cérebro, um dos mais exercitados no processo educacional.
E agora o mais importante: esse incremento na saúde é transmitido de pais para filhos. A literatura científica já apontava nessa direção, e um levantamento feito pelo Estadão Dados mostrou que no Brasil o mesmo fenômeno pode ser identificado: existe uma forte correlação entre a redução do analfabetismo e da mortalidade infantil. Confirmando que o estudo é a variável de maior impacto na sobrevivência, foram testadas correlações entre mortalidade infantil e outras 232 variáveis, e a taxa de analfabetismo entre os adultos se mostrou a mais importante: para cada ponto porcentual a menos nessa taxa, a mortalidade infantil cai 4,7 pontos. O efeito é duas vezes maior do que a redução da pobreza, variável que ficou em segundo lugar.
É evidente que não basta investir em educação para garantir a saúde das pessoas - saneamento básico, vacinação, acesso a serviços de saúde etc, são de extrema importância. Mas, como dizem nas redes sociais, fica a dica: para além de interesses eleitorais, um governo que queira investir na saúde da população fará bem se lembrar que, além de profissionais da saúde, os professores fazem muita diferença.