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O casal que faz os sorvetes mais famosos do Ipiranga

Dalmira Soares Donizi gosta da cor sépia. Para ela, as fotos envelhecidas deixam tudo mais bonito. Ela conta que pretende instalar painéis com fotos - todas em sépia - da Itália pelas paredes da Damp, sorveteria do bairro do Ipiranga que completa quarenta anos em 2012.

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Por Redação
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 Foto: Estadão

A Damp tem origem na Itália: de lá vieram três de seus quatro fundadores. Dalton, Arnaldo, Masaniello e Pietro batizaram o negócio em 1972, usando as iniciais de cada um. Dalton, irmão de Dalmira, era o único brasileiro. Pietro era engenheiro, mas já tinha trabalhado com a elaboração de sorvetes na Itália. Ele convidou Arnaldo e Masaniello - que já era marido de Dalmira havia dois anos - para criar um restaurante de comida italiana.

"Queríamos fazer massas, mas nada dava muito certo", conta Dalmira. "O Pietro, que era o mais entusiasmado de todos, conhecia técnicas para fazer sorvetes". A Damp começou tímida, apenas com sabores comuns, como chocolate e flocos. Nem lembrava a quantidade de opções disponíveis na sorveteria hoje em dia: são 93 tipos de sorvetes, além de cassatas, picolés e bolos gelados.

 Foto: Estadão

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É difícil imaginar um sabor de sorvete que não seja vendido pela Damp. Na verdade, o casal se apressa em criar antes que outro o faça. "Começamos a fabricar sorvete de paçoca há muitos anos", garante Dalmira. "Agora, todo mundo tem sorvete de paçoca, mas foi aqui que o sabor se popularizou". Entre as criações da marca, estão combinações inusitadas, como manjericão com amora, creme com pimenta dedo-de-moça e queijo gorgonzola com nozes. Há também sorvete de violeta e rosa.

Durante o outono e o inverno, a sorveteria se volta para a criação de novidades que são lançadas no verão. A maior preocupação é com a qualidade: "Nosso engenheiro de alimentos demora meses para desenvolver um novo sabor", diz Dalmira. "Usamos apenas ingredientes de primeira qualidade". O sorvete de capim-santo, por exemplo, só fica disponível quando a empresa consegue um fornecedor de uma área que onde não aconteçam queimadas. De acordo com a sócia, isto prejudica o sabor da especiaria.

 Foto: Estadão

Desde a inauguração, a fábrica da Damp fica na Rua do Manifesto, no Ipiranga. Quarenta anos após a fundação, apenas Masaniello e Dalmira continuam no negócio. Dalton faleceu, enquanto os dois italianos voltaram a seu país de origem. O tímido Masaniello abandonou seu trabalho como desenhista em um escritório de arquitetura para se dedicar exclusivamente à fábrica. Dalmira também largou as aulas de Literatura para trabalhar na Damp.

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O casal é reservado. Masaniello não dá entrevistas. Dalmira também se recusa a contar detalhes da vida, como a idade dos dois ou a rotina fora da sorveteria. A foto que ilustra essa reportagem foi uma exceção que os dois abriram para o Blog do Curiocidade. Para Masaniello, a imagem de proprietários idosos pode dar a ideia de uma empresa decadente. "O que é o contrário do que temos aqui", afirma o italiano.

Masaniello e Dalmira sempre foram resistentes a expandir o empreendimento. A pequena loja do Ipiranga, próxima à fábrica, só existe há 15 anos. "Não queríamos sair do Ipiranga", afirma Dalmira. "Aqui, podemos reabastecer os estoques, já que estamos ao lado da fábrica". Apesar de distribuir sorvete da marca a outros sorveterias, não havia a perspectiva de nenhuma outra loja Damp. No entanto, a segunda unidade foi inaugurada no final do ano passado, na Vila Leopoldina. "Queremos manter tudo em família", diz Dalmira. O administrador da nova loja é Eduardo Stollagli, primo de Masaniello.

Serviço: Damp Sorvetes R. General Lecor, 512, Ipiranga, 2274-0746 R. Bela Nápoles, 26, Vila Leopoldina, 3644-5541

(Com colaboração de Míriam Castro)

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