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Deu Avenida Brasil, Marcelo Adnet, FDP e Porta dos Fundos na APCA 2012

Por Cristina Padiglione
Atualização:

A Associação Paulista dos Críticos de Artes, APCA, elegeu no início da noite desta segunda-feira os melhores de 2012 nas artes plásticas, em teatro infantil, teatro, música popular, música erudita, rádio, cinema, literatura, arquitetura e sim, televisão também é arte, acredite.

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O time de TV, do qual faço parte, não relutou muito em meio aos poucos conflitos que surgiram.

Avenida Brasil, a novela das 9 da Globo, escrita por João Emanuel Carneiro, com direção de núcleo de Ricardo Waddington, com direção-geral de Amora Mautner e José Luiz Villamarim, levou o Grande Prêmio da Crítica do ano. Levou-se em consideração o ritmo de narrativa, mais seriada do que a tradição folhetinesca, com um escritor disposto a queimar um cartucho por dia, a direção que aproximou a encenação da vida real, com toda uma família falando ao mesmo tempo, sem jogral, e figurante ou ator passando diante do foco da câmera, sim, como acontece na vida real.

Adriana Esteves foi a melhor atriz do ano, e não houve celeuma em torno do nome. Poucas vezes a eleição de uma categoria foi tão consensual entre os votantes de TV. Não se mencionou outra opção.

José de Abreu, por Nilo, foi eleito o melhor ator, a despeito da nossa excelente lembrança por Marcos Caruso, idem por Avenida Brasil, José Wilker, por Gabriela, e Zecarlos Machado pela série Sessão de Terapia, do GNT. Sem desmerecer os demais, consideramos, nesse caso, que Nilo não era personagem fácil de vestir, muito menos de ganhar o público, como ganhou.

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Ainda no quesito novela, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, autores da novela Cheias de Charme, foram eleitos na categoria "revelação", por terem assinado sua primeira novela solo com o mérito de trazer a internet para dentro da novela, como nunca a Globo conseguiu fazer antes. Promoveram o cobiçado transmídia entre uma tela e outra, de modo a tornar Cheias de Charme um divisor de águas nesse quesito dito transmídia. E, tudo isso, com uma novela onde domésticas, ainda que glamurizadas pela fama, tomaram a linha de frente da história em um folhetim, gênero classicamente entregue às patroas em sua fachada.

Por falar em web, premiamos o humor da Porta dos Fundos, obra da internet e Youtube, como sinal de que a coisa anda fraca na TV, mas também aplaudimos a série Adnet Viaja, que levou Marcelo Adnet a falar várias línguas e a cantar em diferentes cantos do planeta, de Londres ao Caribe, passando por Bósnia, Itália, Portugal, EUA (Miami) e Jamaica. Assim, Adnet ficou com o prêmio de melhor humorista, e a Porta dos Fundos, de programa de humor. Até porque o Adnet Viaja, embora engraçado, não é, na sua essência, um humorístico, e sim um programa de viagem divertido, com exploração da cultura local.

Finalmente, nunca tivemos, no histórico da APCA, desde que eu participo das votações, e isso tem mais de 1o anos, tantas séries para promover nossas dúvidas.

Falamos em (fdp), produção da Pródigo para a HBO, sobre o futebol a partir da rotina de um árbitro, de Destino São Paulo, obra da O2 Filmes para a mesma HBO, que focaliza os hábitos de imigrantes e imigração em regiões bem determinadas da Pauliceia, e de Sessão de Terapia, adaptação da Moonshot para o canal GNT de série israelense que já havia sido vista aqui na sua versão americana.

Pela originalidade do argumento e pela complexidade das filmagens em torno do futebol à base de ficção, venceu (fdp). Devo dizer que sofri um pouco em não premiar Destino São Paulo, cujo resultado final, para mim, expressa a melhor produção de série do ano. Mas (fdp) tem também acabamento impecável e, de fato, merece a taça pela originalidade, ainda mais se considerarmos a escassez da produção de ficção sobre o tema para a televisão.

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Votaram em TV os jornalistas Edianez Parente, Alberto Pereira Jr., André Mermelstein, Leão Lobo and me.

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