Ventura é eleito o melhor disco brasileiro de todos os tempos

Emanuel Bomfim - Território Eldorado

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Após onze dias da enquete aberta ao público, mais de 25 mil votos computados, o disco Ventura, da banda Los Hermanos, foi eleito por internautas o melhor álbum brasileiro da história, com 2.816 votos (veja o "Top 10" abaixo). Lançado em 2003 e produzido por Kassin, este é o terceiro trabalho de estúdio na carreira do quarteto carioca, formado por Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba.

PUBLICIDADE

O disco sucedeu Bloco do Eu Sozinho (2001), marcado pelo rompimento com a gravadora Abril Music, que teria desgostado do resultado do disco. Existia uma expectativa de se emplacar uma "nova Anna Júlia". A banda migrou para BMG e ali começou a aprofundar esta relação do rock, ambiente que os rapazes cresceram, com as referências da MPB, do samba e das marchinhas. O disco foi bem recebido pela crítica, mas teve pouca repercussão popular.

Com Ventura, a banda conquistou amplo prestígio, virou fenômeno pop e viu sua legião de fãs multiplicar em larga escala.

ENTREVISTA: Marcelo Camelo

Após consolidação do resultado da enquete, a reportagem conversou com o cantor Marcelo Camelo sobre o álbum, a eleição e o fato de Ventura ter sido um os primeiros álbuns brasileiros a vazar na web. Leia abaixo:

Publicidade

- Em enquete realizada com os internautas do Estadão e da Rádio Eldorado, Ventura foi eleito o melhor disco de todos os tempos. Como você recebe esta notícia?

Marcelo Camelo: Com muita alegria. Fico feliz com o reconhecimento do trabalho.

- A banda, ou você, tem esta percepção de que o Ventura foi o melhor disco da carreira dos Los Hermanos?

Todos os nossos discos são diferentes entre si. Estávamos em cada um deles vivendo e tentando projetar nossa realidade intensamente. Então é difícil pra mim colocá-los em proporção.

- Vencer esta enquete, que teve quase 30 mil votos em 2 semanas, é uma reafirmação da condição do Los Hermanos como banda que conquistou prestígio da crítica e do público?

Publicidade

Acho que é uma espécie de indicador não é? De reconhecimento.

- Soar pop, sem deixar de atender aos anseios artísticos, foi uma preocupação da banda?

- Quais lembranças você tem do processo de gravação do Ventura?

Fomos pela segunda vez pra um sítio pra produzir. Era uma casa maior e com uma estrutura um pouco melhor e estávamos mais confortáveis com este processo. Muitas das músicas estavam compostas, mas deixamos umas pra terminar ainda na casa. Pudemos tocar bastante e encontrar os arranjos graças a esta dedicação diária, essa disposição de estar ali todos os dias pra tentar construir a obra imersos nela desde o princípio. Tínhamos confiança porque o disco anterior fez parte de uma mudança em muitas direções e enfrentamos a hostilidade da crítica e do público antes de o próprio disco ganhar força nos ouvidos de todos. O ano anterior tinha sido um ano de conquista pela coragem de bancarmos nossas música a despeito das forças contrárias. Essa confiança nos deu uma perspectiva livre à frente.

- O disco representou uma espécie de "libertação" para vocês, após os problemas enfrentados com a gravadora no Bloco?

Publicidade

Acho que foi com o sucesso do Bloco do Eu Sozinho que conquistamos nosso público mais uma vez e a nossa confiança definitiva de fazer o que quiséssemos.

- O Vencedor, um dos principais hits deste álbum, é um pouco a essência do Los Hermanos? Uma banda que deu vez a delicadeza, em contraponto à testosterona em alta dos roqueiros do período?

Acho que como banda carregamos muitas contradições e esta é uma parte importante da nossa força.

- Qual foi o papel do Kassin no disco?

Muitas linhas de baixo, que tem um papel importante no arranjo, são dele. Também é uma pessoa de quem todos gostamos muito e servia por isso de catalisador e filtro das ideias.

Publicidade

- Outro fato relevante marcou o lançamento de Ventura: foi um dos primeiros álbuns brasileiros a vazar na web. Como a banda reagiu ao fato na época?

Ficamos muito tristes e desapontados. Porque o que vazou foi uma versão caseira, de gravação de ensaio. E o vazamento foi quando ainda estávamos gravando o disco, então deu um desânimo danado de ter muitos meses de trabalho burlados em um estágio intermediário. Pareceu um desperdício de força.

- Você ainda ouve Ventura hoje? Que sensação te dá?

Não ouço há bastante tempo. Mas as músicas são próximas ainda. Tocamos muitas delas nesta turnê do começo do ano.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.