Rock in Rio será uma verdadeira celebração, diz Andre Matos

Marcelo Moreira

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Por Redação
Atualização:

"Agradeci o Roberto Medina por ter criado o primeiro Rock in Rio, em 1985. Em grande parte, é por isso que estou aqui." Essa foi a primeira coisa que o cantor Andre Matos disse ao promotor do maior evento musical do Brasil e um dos maiores do mundo. É claro que Matos estava feliz com o convite para tocar na edição 2013 com sua banda e com o Viper, mas ele precisava agradecer. Foi em janeiro de 1985, dias depois de entrar no Viper, que o adolescente paulistano teve certeza de que tinha de ser músico ao vibrar com Queen, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, AC/DC, Yes e outros monstros do Rock in Rio I.

Nesta entrevista ao Combate Rock, o sereno vocalista fala sobre a maturidade na carreira e a honra de participado festival carioca ao lado de outras grandes bandas brasileiras:

 Foto: Estadão

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Você tocava com o Viper em corredores de faculdade 25 anos atrás, mas já tinha disco lançado. Hoje está escalado para o Rock in Rio. Dava para imaginar isso em 1986 ou 1987?

Andre Matos - Sonhar é sempre bom e eu sonhava com isso. Mas me sinto grato e feliz por ter conseguido estabelecer uma carreira sólida e de sucesso, toquei em diversos festivais importantes no mundo inteiro, então é maravilhoso quando vem um reconhecimento deste tipo. Tocar onde praticamente tudo começou é uma honra.

Todo mundo está feliz, o mercado musical brasileiro acredita que possa ser uma retomada do gênero depois de anos de poucas vendas e shows e do fracassado Metal Open Air, no Maranhão. Você imagina que possa haver uma recuperação?

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Acredito que sim, embora não seja uma coisa rápida. O mercado passa por mudanças, existem outras possibilidades de se ouvir música, então temos que nos adaptar. Mas vejo com otimismo o cenário nacional.

O Angra tocou na última edição do Rock in Rio, em 2011, e teve diversos problemas técnicos em sua apresentação, com os músicos reclamando bastante das condições oferecidas. Você teme que algo parecido aconteça, ou ao menos que as condições não sejam as mesmas de outros artistas?

Só existe um lugar do mundo onde não ocorrem problemas técnicos, que é o Japão. Lá tudo é perfeito. Estamos sujeitos a problemas de última hora em qualquer show ou festival. Já passei por isso e se tiver de passar de novo, eu e a banda teremos de nos virar e tocar. Faz parte do show. Eu soube do que ocorreu em 2011 e acredito que tenha sido algo pontual.

O Rock in Rio é um "gran finale" para o Viper? Você disse que a turnê do ano passado tinha começo, meio e fim...

O show no Rock in Rio será o coroamento de uma grande carreira e de um sonho concretizado. Vinte e oito anos depois eu e meus amigos de infância estaremos no festival tocando para muita gente. De qualquer forma, deverá ser a última oportunidade de ver o Viper por algum tempo, já que não há nada mais programado. A reunião do ano passado era apenas para alguns shows, mas a coisa cresceu de tal forma que virou turnê de quatro meses, virando DVD e tudo. As coias acontecem meio que de surpresa. Eu gostaria muito de voltar a fazer mais coisas com o Viper no futuro, mas isso vai depender das agendas de todos. Eu tenho minha carreira solo, o Pit (Passarell, baixista) compõe para outros artistas, o Felipe (Machado, guitarrista) é jornalista. Não é tão simples. Espero que não seja um epitáfio. Temos o DVD que vai ser lançado este ano com um show da última turnê e o relançamento dos álbuns "Soldiers of Sunrise" e "Theatre of Fate", em CD, quem sabe não seja uma oportunidade para reunir a galera de novo? No entanto, não há nada programado.

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 A repercussão de Andre Matos no festival foi imediata?

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No mesmo dia recebi a ligação de muita gente do meio musical e muitas eram sondagem para shows no segundo semestre. No dias seguintes a banda Andre Matos continuou sendo solicitada, o que é ótimo. Vai ser um ano puxado, o que é um grande reconhecimento ao nosso trabalho, especialmente em relação ao mais recente álbum, "Turn of the Lights".

Por que tocar na íntegra o álbum "Angels Cry", do Angra, em sua atual turnê brasileira?

Quis fazer algo marcante, diferente, e este ano marca os 20 anos de lançamento do álbum. É um grande trabalho e acho que precisa ser lembrado. Não percebi nenhuma movimentação no angra a respeito, então resolvi tocá-lo inteiro. Será uma visão diferente do trabalho com minha banda solo, mas me senti estimulado a recriar músicas tão interessantes. Faremos um show especial em 11 de maio, no Via Marquês, em São Paulo, onde tocarei o álbum na íntegra, além das músicas solo e do Shaman.

Nada do Virgo, seu projeto de 2000 com Sascha Paeth (músico e produtor alemão)?

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Olha que coincidência: não faz nem um mês que conversei longamente com Sascha por telefone e relembramos o quão foi diferente em nossas carreiras fazer o álbum do Virgo. Foi um negócio insano, uma grande estrutura, as melhores condições possíveis, um estúdio gigantesco na Alemanha. Ficamos pirados e conseguimos trabalhar de forma magnífica. Tenho bastante orgulho daquele álbum, feito de forma descompromissada mas ao mesmo tempo com muita preocupação em criar um som de qualidade. Talvez voltemos a trabalhar juntos. Não pensei em incluir nada do Virgo nos shows da atual turnê.

Uma coletânea do Angra em CD duplo saiu no final do ano passado no Japão e depois na Europa. Você sabia do lançamento? Foi consultado?

Não sabia e fui surpreendido com seu lançamento. Não fui consultado, assim como o Luís Mariutti (ex-baixista do Angra e agora no Motorguts). É chato isso, pois existe todo um sistema de remuneração e de autorizações a serem obtidas para qualquer lançamento deste tipo. e, obviamente, por conta dessa situação, não fui remunerado. Estou oficialmente tentando obter mais detalhes da negociação do lançamento para eventualmente tomar providências.

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