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As encarnações de Elton John

Felipe Branco Cruz

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Por Redação
Atualização:

Aos 64 anos, Elton John é muito mais do que um ídolo pop que compôs inesquecíveis baladas, como Your Song, Sacrifice, Skyline Pigeon, Goodbye Yellow Brick Road e Candle in the Wind. O músico inglês é, principalmente, um cantor de blues e rock que influenciou, foi influenciado e trabalhou diretamente com os maiores ídolos da história do rock, inclusive com os quatro Beatles.

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Para se ter uma ideia da dimensão do seu sucesso, no final da década de 70, 2% de todos os discos vendidos no mundo eram de autoria de Elton. Para contar essa história, o professor inglês David Buckley, 45 anos, do Departamento de Estudos Americanos da Universidade de Munique, lançou recentemente Elton John - A Biografia.

Embora não autorizada, a obra conta com depoimentos de pessoas extremamente próximas do músico, como Gary Osbourne, parceiro em diversas composições com Elton, que também assina o prefácio. Buckley conta ter tentado, de todas as formas, entrevistar o cantor. Sem sucesso.

 O mais próximo que chegou do astro foi durante o Live Aid, em 1985, quando a limusine que levava Elton parou a metros de distância dele. Na época, diz o biógrafo, o artista "pertencia ao lado do entretenimento leve da indústria musical e não da cultura do rock". 

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 Foto: Estadão

Até hoje, Elton John já vendeu mais de 200 milhões de discos. Ao todo, foram 30 álbuns de estúdio e seis trilhas sonoras para o cinema (inclusive a de Rei Leão, com a qual ganhou o Oscar). No auge da carreira, Elton quase morreu de tanto usar drogas e álcool (ele também tentou se matar duas vezes e ficou em coma por dois dias), virou ícone do glam rock, entrou em depressão e sofreu muito por ser gay e não ter coragem de se assumir.

O modo como vemos Elton, hoje, é diferente. Sua imagem mais forte é justamente a de compositor de grandes sucessos, ativista pelas pessoas com Aids, filantropo, colecionador de óculos exóticos, homossexual assumido, um dos melhores amigos da princesa Diana e cavaleiro do Império Britânico: Sir Elton John. Essa imagem é verdadeira, mas foi o que veio antes disso que moldou o que Elton é hoje. E é essa história que Buckley se propõe a contar.

A biografia traz detalhes da infância do músico, um garoto tímido, baixinho, gordo e míope, que viu na música uma maneira de se enturmar. No início, ele não usava as roupas extravagantes que viraram sua marca. "Ele tinha complexo de inferioridade", diz o autor.

 Foto: Estadão

No auge do vício - de meados dos anos 70 ao final dos 80 -, cheirava uma carreira de cocaína a cada quatro minutos e tocava piano até os dedos sangrarem. Mas o livro não se limita a detalhes sobre a personalidade do músico. Faz uma profunda análise musical de sua obra.

 A mudança para uma vida mais regrada, segundo Buckley, veio depois da morte do americano Ryan White, em 1990, um garoto que pegou Aids numa transfusão de sangue e foi expulso da escola por estar contaminado. O fato mexeu profundamente com Elton, que percebeu que não iria longe se continuasse com "seu estilo de vida louco e fantasioso".

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Com John Lennon

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O livro descreve ainda uma passagem curiosa sobre a histórica apresentação de Elton com John Lennon, em 1974, no Madison Square Garden, nos Estados Unidos - um dos últimos shows ao vivo de Lennon. Antes de subir ao palco, Lennon vomitava compulsivamente de tanto nervosismo. E tudo, segundo Elton, por uma aposta.

Ele havia gravado os vocais de apoio e tocado piano na música Whatever Gets You Through The Night, de Lennon, e apostou com o Beatle que, se a canção ficasse em primeiro lugar, Lennon teria de dividir o palco com ele. O desafio foi aceito e a promessa, cumprida. E assim, dois dos maiores nomes da música cantaram três canções juntos.

 

 Foto: Estadão

Outra curiosidade: foi nos bastidores desse show que Lennon reatou a relação com Yoko Ono, depois de ter saído de casa. No final da obra, há uma discografia de Elton John, compilada por David Bodoh, que traz os anos em que foram lançadas e as posições das músicas nas paradas de sucesso. Uma prova incontestável do imenso sucesso que Elton - ele se apresentará no Rock in Rio, em setembro -, faz até hoje.

 

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