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O sistema mais popular do mundo

Qual o sistema operacional mais popular do mundo? Será que faz diferença?

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Por CCSL
Atualização:
 Foto: Estadão

Por Nelson Lago*

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Qual o sistema operacional mais popular do mundo?

Um sistema operacional é um programa de computador especial: ele é responsável por criar o ambiente para que todos os outros programas do computador possam funcionar. São responsabilidades dele, por exemplo, entender qual programa o usuário quer usar (por exemplo, clicando em um ícone), garantir que cada programa tenha seu espaço próprio de execução (tanto na memória quanto na tela), gerir o acesso ao disco na hora de salvar os dados de que os programas precisam etc.

Nos anos 90, o sistema operacional mais popular, pelo menos em computadores pessoais, era o Microsoft Windows: cerca de 95% dos computadores desse tipo utilizavam o Windows, o que culminou num processo judicial nos EUA que determinou que a Microsoft era detentora de um monopólio. Essa decisão, no entanto, não teve efeitos significativos na prática. O que de fato mudou esse cenário foi a explosão dos dispositivos móveis: em 2015, foram vendidos 290 milhões de computadores "tracicionais" contra 1,5 bilhões de tablets, smartphones e similares. Os registros de acesso à Wikipédia sugerem que computadores tradicionais correspondem a cerca de 50% dos acessos ao site atualmente.

Será, então, que o sistema operacional mais popular do mundo é o Android? Ou talvez ele esteja caminhando nessa direção? Ou, quem sabe, é a vez do iOS, sistema dos iPhones e iPads? Na verdade, não. O sistema operacional mais popular do mundo hoje se chama "web".

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Claro, a web não é exatamente um sistema operacional no sentido estrito, mas na prática a web hoje é a plataforma sobre a qual aplicações como gmail ou facebook funcionam. Mesmo "aplicativos" como Evernote e Spotify são, na verdade, baseados na web.

É claro que, tanto no lado do usuário quanto no lado do servidor, existem sistemas operacionais "tradicionais". No entanto, eles são muito pouco relevantes: para o usuário, o tamanho da tela do dispositivo ou mesmo o tipo de browser é muito mais importante ao acessar o facebook que usar Windows ou Android. O mesmo vale do lado do servidor: aplicações usando as linguagens de programação e arcabouços mais comuns na web (como Ruby e Rails ou Javascript e Node.js) funcionam da mesma forma em diversos sistemas operacionais, e a real dificuldade do programador está em adequar-se às características dos navegadores e dos padrões de rede, não ao sistema local.

Esse estado de coisas não é ideal para a Microsoft, evidentemente. Desenvolvedores web, em particular, acabam tendo um certo incentivo para migrar seus sistemas Windows para GNU/Linux; afinal, se tudo que o desenvolvedor faz depende apenas do browser e de ferramentas que rodam em qualquer plataforma, por que pagar por uma licença de Windows? Mais: dada a grande popularidade do GNU/Linux em servidores web, acaba sendo até mais trabalhoso manter "um pé em cada sistema", e migrar fica cada vez mais atraente.

Começa a ficar claro por que a Microsoft está implantando suporte a aplicações feitas para o Ubuntu (uma versão do GNU/Linux) no Windows 10. Com esse suporte (que, aliás, não é software livre), os desenvolvedores não precisam sair do Windows para testar o comportamento de suas aplicações web num servidor GNU/Linux: é só rodar na sua própria máquina.

Resta saber se os desenvolvedores vão ou não dar importância à principal diferença entre executar uma aplicação GNU/Linux em Windows ou em GNU/Linux "de verdade": liberdade e transparência ou... mais do mesmo.

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* Nelson Lago é gerente técnico do CCSL-IME/USP

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