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Mundo em Desalinho

Israel fala em desmilitarizar Gaza e guerra parece distante do fim

Menos de 24 horas depois de mais uma escola da ONU ter sido atingida em Gaza, Israel deixou claro que está longe de concluir sua operação militar contra o Hamas, que já provocou a morte de 1.400 palestinos, 70% das quais civis, e deixou outros 7.000 feridos. O governo de Tel-Aviv anunciou a convocação de 16.000 reservistas, os Estados Unidos confirmaram que forneceram munição adicional ao país e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a ação é apenas a primeira fase do processo de desmilitarização de Gaza buscado por seu governo.

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Por claudiatrevisan
Atualização:

A ofensiva tem com apoio quase unânime dos judeus de Israel, que representam 75% da população do país. Pesquisa divulgada nesta semana mostrou que mais de 90% deles são favoráveis à operação militar e apenas 3% acreditam que houve uso excessivo de força contra o Hamas. O número de vítimas do lado palestino é 60 vezes maior ao registrado do lado israelense, que perdeu 56 soldados e 3 civis no conflito.

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O forte apoio da população local à ofensiva militar parece estar levando Netanyahu a ampliar o escopo da operação. Além de destruir a rede de túneis construída pelo Hamas, o primeiro-ministro começou a defender a desmilitarização de Gaza, processo que exigiria uma ação de longo prazo, na qual a única certeza é o aumento no número de vítimas civis do lado palestino.

"Nós atingimos duramente milhares de alvos terroristas: centros de comando, estoques de arsenais, locais de produção e áreas de lançamento e centenas de terroristas foram mortos", disse Netanyahu em reunião do Gabinete Israelense nesta quinta-feira. "Essas conquistas e a neutralização dos túneis são apenas o primeiro estágio da desmilitarização da Faixa de Gaza."

Mas os disparos de Israel não destruíram apenas instalações do Hamas. Na quarta-feira, 20 pessoas morreram na explosão de uma escola da ONU mantida no território. Foi a sexta escola da instituição a ser atingida em Gaza desde o início do conflito, no dia 8 de julho. A ONU responsabilizou Israel pelo ataque e disse ter informado inúmeras vezes ao país as coordenadas do local, onde 3.300 civis buscavam se proteger.

A munição extra fornecida pelos americanos a Israel veio de um estoque que os EUA mantêm no país para emergências. A solicitação foi apresentada no dia 20 de julho e aprovada três dias mais tarde, segundo o governo de Washington. "Os Estados Unidos estão comprometidos com a segurança de Israel e é vital para o interesse nacional dos EUA ajudar Israel a desenvolver e manter uma forte capacidade de autodefesa imediata", disse na quarta-feira o porta-voz do Pentágono, John Kirby. Segundo ele, a recente venda de munição é "consistente" com esses objetivos.

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Hoje (quinta-feira), o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, declarou que o ataque à escola da ONU é "totalmente inaceitável e indefensável". Citando investigação da ONU que responsabiliza Israel, ele observou que "parece não haver dúvidas" sobre a origem da artilharia envolvida no bombardeio. "Está claro que precisamos que nossos aliados de Israel façam mais para estar à altura dos padrões que eles adotaram para si próprios", ressaltou.

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