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Mundo em Desalinho

Humilhação e truculência em Yale Law School

Minha primeira reação foi o descrédito. Depois vieram lágrimas. Por fim, a indignação de quem tem a convicção de estar sendo submetida a um tratamento abusivo, truculento e desproporcional. Em outras palavras, um injustiça, cometida em uma das mais tradicionais escolas de Direito dos Estados Unidos.

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Por claudiatrevisan
Atualização:

Fui tratada como uma criminosa, enquanto tentava desempenhar meu papel de jornalista. Minha única intenção era ter a chance de encontrar o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, e tentar convencê-lo a me dar um entrevista. Ele já havia me falado por telefone que não falaria, mas jornalistas nunca se confomam diante de um não.

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A Faculdade de Direito de Yale fez de tudo para impedir a presença de imprensa no local durante a visita do presidente do STF. Seu nome não constava do programa oficial do evento e a diretora de comunicação foi taxativa ao dizer que repórteres não seriam admitidos no local. De novo, repórteres resistem ao não e essa é uma das características que fazem o bom jornalismo. De qualquer maneira, eu não tinha nenhuma intenção de invadir o local do evento. Só precisava saber onde ele estava sendo realizado, para saber em que calçada esperar.

O tratamento que tive foi o mais humilhante e degradante que já enfrentei em minha vida profissional. Algemada, impedida de dar ou receber telefonemas, transportada em um camburão escuro e sem janelas, no qual tinha que me agarrar com as mãos imobilizadas a cordões presos nos bancos para evitar ser jogada de um lado para o outro enquanto o carro se movia.

Na delegacia, fui revistada de cima abaixo e colocada em uma cela, ao lado de outras ocupadas por suspeitas de crimes de verdade. Havia gritaria incessante e batidas nas paredes de metal. O vaso sanitário era visível por meio das grades que separava minha cela do corredor por onde circulavam policiais. Quando entrei, um policial veio com um grande rolo de papel higiênico e ordenou que eu retirasse o que iria necessitar. Perguntei se ele ficaria olhando enquanto eu usava o local e obti uma resposta irônica: "Imagine, sua privacidade será mantida". Ele saiu, mas o trânsito de pessoas no local era incessante.

Fiquei cinco horas incomunicável. Uma hora algemada. Três horas e meia em uma cela. Tudo por ter ousado me aproximar do local onde estava o presidente do STF, ironicamente uma instituição voltada à defesa de princípios constitucionais.

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