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Arquitetura, decoração e design

O desafio era o básico

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Por Ana Garrido
Atualização:

  Ana Paula Garrido - O Estado de S.Paulo Difícil imaginar que a fotógrafa Cláudia Pinheiro, que hoje vive neste apartamento em Higienópolis inspirado na linguagem brutalista da década de 60, com tubulações e tijolos aparentes, já tenha morado em uma casa, em Ilhabela, com todos os acessórios a que tinha direito, entre eles um lustre colorido ? como ela enfatiza ?, e móveis assinados. E na época ela sentia falta justamente da simplicidade que agora predomina no seu lar. ?Queria ter coisas mais simples e esse apartamento representa justamente essa nova fase da minha vida?, define. O primeiro passo da reforma ? projetada pelos sócios Kano Ferreira, Gustavo Bergmann e Vinicius Mazzoni, do escritório FMB, e coordenada por Fabiola Bergmann ? foi eliminar as divisões dos ambientes do apartamento de 130 m² e definir novas funções para eles. O terceiro dormitório perdeu algumas paredes e virou o escritório. O quarto de empregada passou a ser o banheiro do quarto do casal, já que o original deu lugar a um closet. ?Levamos a parte hidráulica que já existia para o quarto de empregada elevando o nível do piso?, explica Mazzoni. A cozinha, por sua vez, foi integrada ao grande salão social que reúne sala, escritório e área de jantar. ?A gente passa o tempo todo nesse espaço. Quando recebemos amigos, dá para ver futebol, conversar, comer, que fica todo mundo junto e à vontade?, comemora Cláudia. O revestimento ? no caso, a falta dele ? contribui para criar esse clima informal, além de fazer o apartamento lembrar um loft, como a fotógrafa queria. O processo para ?construir? a parede de tijolinhos aparentes na sala seguiu a palavra de ordem da moradora: economizar. A solução encontrada pelos arquitetos foi prática e barata; eles só rasparam a parede até chegar aos tijolos, originais da construção. O piso de madeira de todo o apartamento também foi raspado para uniformizar o tom. ?Para fazer a manutenção, o melhor é usar pano úmido na madeira. Com cera, o piso pode ficar escuro, manchado?, diz Mazzoni. Nas áreas molhadas, a opção foi pelo piso de cimento queimado, que aparece também no lavabo, onde um tubo de aço inox vindo do teto serve como torneira. O teto, aliás, sem forro de gesso, exigiu um bom planejamento dos pontos de iluminação. ?Quando eles ficam embutidos, você não precisa se preocupar tanto com a disposição nem com a aparência, tanto que, normalmente, usamos conduíte de plástico amarelo. Aqui, com a tubulação aparente, o cuidado tem de ser maior. No entanto, a manutenção é mais fácil, basta mudar a caixinha de lugar. Em resumo, apartamento antigo mais ajuda do que atrapalha?, compara Mazzoni. Menos é mais. Cláudia deixou os arquitetos livres para tocarem a reforma, tanto que nem chegou a ver a obra, que levou quatro meses. Quando veio do Rio ? cidade onde pôs em prática a filosofia do menos é mais: ?Como morava em um apartamento alugado, não comprei quase nada? ?, já estava tudo pronto. A fotógrafa concentrou os gastos em coisas pontuais, como a marcenaria da cozinha e o mármore usado na bancada que se estende do closet ao banheiro. ?Fomos garimpando soluções. A ampla estante no escritório foi feita com três prateleiras da Tok & Stok. Para montar a mesa usamos um cavalete e um tampo de vidro, que permite ver todo o espaço e completa a ideia de integração?, explica Mazzoni. Na decoração, aparecem peças de cunho afetivo, como os quadrinhos pintados pelo pai da moradora, equipamentos fotográficos e até um manequim todo pintado, que faz as vezes de anfitrião. ?Comprei na Praça Roosevelt, em 2008, e desde então, ele me acompanha?, conta. Outros acessórios vieram depois, com a chegada do marido, o produtor musical Marco Boaventura. Quando passaram a viver juntos, o apartamento ganhou um pouco mais de cor e detalhes. Prova disso é que a divisória entre a sala e a cozinha não passa mais despercebida com a vitrola e o cavalinho de madeira, que integrou o teatro de bonecos do grupo Pia Fraus, de Beto Lima. Enquanto o quadro de André Araújo no meio da sala vira uma extensão da parede com tijolinhos aparentes.    

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