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Arquitetura, decoração e design

Em busca de mais claridade

Nesse apartamento bem servido de luz natural, Marcelo Rosset usa a iluminação para imprimir novas nuances a seu projeto

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Por Ana Garrido
Atualização:

  Se a figura de uma lâmpada representa uma nova ideia na linguagem gráfica, pode-se dizer que o arquiteto Marcelo Rosset teve vários estalos criativos na reforma deste apartamento de 300 m² no Pacaembu. Com total liberdade para trabalhar ? o casal, que vive com as duas filhas adolescentes, só pediu que cada uma tivesse seu próprio quarto ?, ele espalhou luz por todos os lugares possíveis. ?A iluminação valoriza a arquitetura e cria surpresas.? Em cada ambiente, ele usou um tipo de luz para suprir uma necessidade arquitetônica. Mas ao contrário do que se pensa, tanta dedicação dispensada ao projeto luminotécnico, desenvolvido pela Labluz, não foi por falta de claridade natural. Longe disso. Sem prédios altos em volta e com o living cercado por portas e janelas de vidro, entra bastante luz natural na sala, mesmo com as persianas fechadas. A iluminação vem minimizar os desníveis originais do prédio. Onde o pé-direito era mais alto, agora há luz indireta embutida no forro de gesso. É o caso do living, que ficou com distribuição de luminosidade melhor. ?Instalado na laje, o ponto de luz fica limitado e você tem de trabalhar com luminárias externas, que não deixam o visual tão limpo quanto este?, explica o arquiteto. Na sala de jantar, dois degraus acima do living, os pendentes foram fixados na laje, acompanhados de dois rasgos para garantir uma claridade uniforme. ?Quando os ambientes se apresentam em continuidade, é preciso criar rasgos em todo o teto para um não ficar mais escuro que o outro.? Aliás, alternando forro e laje de acordo com o nível, os pés-direitos também foram padronizados e, agora, a altura média é de 2,40 m. Depois de aparecer em cima e embaixo, a protagonista desta reforma dá o ar da graça nas laterais. ?No lavabo, cavamos um buraco e embutimos o espelho, deixando a luz em volta, para parecer que ele está no mesmo plano da parede?, conta Rosset. Nos banheiros do casal, há duas faixas de luz, que dividem o espelho em três e camuflam os armarinhos laterais. ?Ter uma luz que sai do espelho e outra de cima dá maior precisão. É comum ver isso em provadores de loja.? Como nem sempre a claridade é bem-vinda, o arquiteto colocou lâmpadas embutidas na estante da sala de TV. É justamente no home theater que ocorre a transformação: a iluminação se torna coadjuvante. Culpa do revestimento de madeira ? outra característica que Rosset explorou nesse projeto. Como é integrado ao living por duas entradas, o espaço, onde a família mais gosta de ficar, precisava seguir a linguagem usada ao redor, incluindo o piso de mármore travertino. ?Para dar uma esquentada, usamos madeira para cobrir as paredes, que também cria um efeito por causa dos frisos perto do teto.? Movimento Além de aquecer os ambientes, predominantemente claros, em alguns pontos, os painéis de madeira dão a ideia de movimento, graças aos elementos em relevo que aparecem, por exemplo, no armário da sala de jantar, onde também servem como puxadores. No quarto do casal, o painel de freijó nas laterais disfarça o chanfrado que existia na estrutura do prédio e não tinha como ser alterado. ?Como do lado direito não havia nada, usamos a madeira para criar o recorte. Além de ficar simétrico, parece que o painel abraça a cama.? No quarto de uma das filhas, a madeira entrou para reunir os elementos pequenos e soltos: cabeceira, escrivaninha e TV. De acordo com o arquiteto, tais painéis, que têm aparecido com frequência nos interiores residenciais, também podem servir como fundo falso para esconder a fiação elétrica. Depende da necessidade, depende da criatividade.  

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