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Arquitetura, decoração e design

Aos pés do Cristo

Hoje com 400 metros quadrados, este sobrado teve por base uma casa de vila, ampliada para acompanhar o crescimento da família

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Por Natalia Mazzoni
Atualização:

Ao lado de um paredão de pedra, o sobrado no Humaiatá tem toda a área social voltada para o quintal

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A paisagem unifica o conceito que o carioca tem do decorar. Seja entre profissionais ou seus clientes, difícil imaginar um projeto, ao menos na zona sul, que não expresse o desejo de desfrutar ao máximo da privilegiada geografia da cidade. Seja de dentro ou de fora da casa. ?O carioca curte estar ao ar livre por várias razões. Primeiro, porque nosso clima favorece o contato com ambientes externos a maior parte do ano. Segundo, porque há vários imóveis por aqui com vistas de perder o fôlego, para a praia ou para as montanhas. Nossos projetos tiram partido desses fatores e acho natural que seja assim. Eles são nosso maior diferencial?, argumenta a arquiteta Roberta Moura, uma das autoras dos dois arejados projetos ? uma casa no Humaitá e um apartamento em São Conrado ? que ilustram esta edição de verão. Um caderno consagrado ao que a cidade do Rio tem de melhor quando o assunto é decoração e design: o gosto pela informalidade, o prazer de se viver à beira-mar, o desenho atemporal. ?O Rio é uma metrópole com personalidade própria. Isso aflora na moda, na música, na arquitetura e, claro, no décor?, afirma a empresária Patrícia Mayer, sócia de outra Patrícia, a Quentel, no comando da Casa Cor Rio. Duas vozes de destaque na cena local, nossas entrevistadas neste especial. Por fim, o verão no Rio é época de estar na rua, em busca de novidades. Confira nossa seleção de endereços para se atualizar com o que de melhor acontece na cidade. Lugares cheios de bossa, como os cariocas gostam.

Era só uma casa de vila

O Humaitá é um bairro da zona sul que faz limite com Botafogo, Jardim Botânico, Lagoa, Alto da Boa Vista, Copacabana e Santa Teresa. Atualmente, ainda que quase unificado ao Botafogo, pelo eixo representado pelas Ruas Humaitá, São Clemente e Voluntários da Pátria, ele conserva seu caráter residencial, sendo um dos bairros cariocas que mais concentram casas tradicionais e antigas, algumas delas tombadas pelo patrimônio histórico. Tão onipresente quanto o Cristo Redentor, a natureza marca presença no cotidiano de seus moradores, penetrando, generosa, por entre portas e janelas. Quintais e terraços. Tal qual acontece nesta residência, hoje com 400 m², projetada pelas arquitetas Roberta Moura, Paula Faria e Luciana Mambrini, tendo como base uma pequena casa de vila, com apenas um pavimento, que foi ampliada para acomodar com mais conforto uma família que cresceu. Como a casa havia sido construída sobre um terreno irregular e em desnível, existiam duas entradas principais: uma na parte mais baixa do terreno e outra no andar de cima. Uma situação aliás, na medida para acomodar os desejos de seu casal de moradores e de seus dois filhos, de 7 e 9 anos. Ambos interessados em gastronomia e decoração. Ambos apaixonados por ciclismo e dispostos a tudo para integrar o esporte à rotina familiar. Daí, três recomendações expressas às arquitetas: poder entrar na casa de bicicleta, com direito a um bicicletário indoor, no segundo pavimento. Um espaço híbrido que pudesse ser usado como oficina, totalmente aberto e integrado à decoração e uma cozinha gourmet, também aberta, no caso, para a sala, onde o marido pudesse cozinhar para os amigos, sem jamais perder os filhos de vista. Por fim, um ?rasgo? no telhado, fechado com vidro, para garantir vista permanente para o Cristo Redentor, mesmo estando dentro de casa. Centro nervoso da casa, é no segundo andar que fica também uma imensa varanda, que se abre para uma parede vertical de visual exuberante, repleta de plantas tropicais, parecida com um quadro vivo. Uma espécie de living ao ar livre, dotado de cobertura de vidro com cortina retrátil, para garantir controle de luminosidade, e de painel ripado de madeira nas suas laterais, para oferecer privacidade a seus frequentadores. Conduzida pelos moradores ? com peças garimpadas pelo casal em feiras e lojas de segunda mão no Brasil e no exterior ?, mas submetida ao crivo das arquitetas, a decoração, de gosto vintage e intensidade suave, é um capítulo à parte. Tem de tudo, de móveis antigos de família repaginados a espelho veneziano, mas, ao contrário do que sugere o exotismo da mistura, nunca chega a pesar. Como, aliás, convém a quem vive frente a frente a uma das paisagens mais desejadas do mundo.

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