Agradável contraste

Objetos e estilos diversos convivem em harmonia nesta ampla casa no Jardim Europa

Ao retornar a São Paulo, depois de passar várias temporadas no exterior, a moradora desta casa se dedicou a procurar um imóvel amplo onde seus filhos pudessem crescer mais ou menos como ela, durante a infância vivida no Sul do País. No terreno em localização privilegiada, no Jardim Europa, o arquiteto Marco Aurélio Viterbo comandou a obra da casa de proporções generosas, 800 m², e linhas simples ? estilista, a cliente queria mesmo era focar na decoração. ?Fizemos uma caixa arquitetônica mais limpa, com poucos detalhes de gesso, mas com rasgos para iluminação no teto e nas paredes?, diz Viterbo, que já havia trabalhado no projeto do primeiro apartamento da moradora. O entendimento entre os dois, portanto, foi total. Os revestimentos são destaque nos interiores, bem como as obras de arte. Jogos de texturas, como nos papéis de parede que parecem tecido, compõem com objetos de design ? sempre com a preocupação de evitar modismos. O resultado se vê em cada cômodo, onde há desfiles alternados entre objetos antigos, do acervo pessoal da família, e móveis novos de designers renomados, adquiridos após algumas sessões de garimpo da moradora. ?Anotei tudo o que queria e as dicas do Marco, como um lustre do alemão Ingo Maurer. Daí achei que seria mais divertido, além de econômico, viajar e comprar a maioria das peças fora do Brasil?, diz a proprietária, que não quis se identificar. A primeira compra, no entanto, foi um biombo chinês de autor desconhecido encontrado sem nenhum glamour ? empoeirado no canto de um galpão de antiguidades nos Estados Unidos. Mas como personalidade é o que realmente importa tanto na moda quanto na decoração, a extensa divisória oriental ganhou posição de destaque em uma parede da sala de jantar ? por aguçar a curiosidade de quem o avista pela primeira vez. ?Foi paixão total e fechei negócio na hora. Com base nele, pensamos toda a decoração do estar, harmonizando tons e estilos?, explica ela. No escritório, usado por toda a família, Viterbo teve de atender a diferentes necessidades, mas, nem por isso, deixou de dar um ar de ateliê ao espaço. Um manequim vestindo um quimono, que já era da cliente, divide as atenções com o aquário embutido no armário de madeira ebanizada. O forro de gesso recortado serve para trazer opções de iluminação fria e incandescente, criando condições de trabalho e leitura para todos os moradores. No espaço de refeições na área externa, bem ao lado da piscina, o tradicional mobiliário de madeira esconde recursos tecnológicos: além de embutir uma TV, o armário, que une bancada com churrasqueira e forno de pizza, abriga gavetas refrigeradas. No teto, o pergolado cria um efeito artesanal com o pendente de ferro comprado em Miami que serve de apoio para velas. Convivência pacífica. Com dois especialistas em cores ? Viterbo e a estilista ?, a casa alterna tons frios e quentes. Na suíte do casal, por exemplo, o dourado da cadeira e a madeira do piso e da escrivaninha convivem suavemente com o prateado da cama, do papel de parede e do criado-mudo espelhado. Nos quartos dos filhos, nem a influência mais pop, com direito a luminária com a bandeira inglesa e pele de vaca estampada com símbolo dos Estados Unidos, excluiu o apelo clássico adotado da decoração. Na suíte da garota de 14 anos, o tecido da cabeceira contrasta com a estampa da poltrona ao lado da cama e do papel de parede. No quarto do irmão mais novo, de 12 anos, por sua vez, o arquiteto criou um clima mais masculino com textura associada ao metal da cama e dos acessórios, como o do criado-mudo e do alvo para dardos. Propositalmente, as cores mais vibrantes se concentram na área social. Foi com o veludo azul -jade das poltronas italianas do século 19, o tecido laranja que revestiu um banquinho comprado em um antiquário em Miami e os quadrinhos coloridos de Keith Haring ? comprados há mais de 10 anos, quando a cliente morava em Nova York ? que Viterbo realçou a proposta dessa casa: um mix do clássico com o contemporâneo de mãos dadas pelas passarelas de mármore travertino navona ou ripas de perobinhas.