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Arquitetura, decoração e design

Reduzidas ao essencial

Por Ana Garrido
Atualização:

    Marcelo Lima ? O Estado de S.Paulo Nem na minimalista Dinamarca, nem no distante Japão. É em plena Nova York, em meio ao caos da metrópole, que floresce a criação descomplicada de uma das principais estrelas do design americano da atualidade: Todd Bracher. ?É por meio da singularidade que procuro comunicar minhas verdades. De forma clara e sempre por meio de uma única ideia?, afirma o designer, que se prepara para inaugurar sua primeira exposição na América Latina. Com a curadoria do alemão Albrecht Bangert ? arqueólogo, historiador e PhD em História da Arte pela Universidade de Munique ? ?Todd Bracher, A Essência das Coisas? abre suas portas no dia 24, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, em projeto idealizado em parceria com o Boomspdesign ? Fórum Internacional de Arquitetura, Design e Arte, que acontece entre os dias 22 e 24 ?, e fica em cartaz até 21 de outubro. ?Não quero ser reconhecido, lembrado ou classificado como designer. Muito menos como artista. Não gosto de títulos. Não gosto de ser americano, estrangeiro, não quero ser nada. Quero pensar como um indivíduo e é sobre isso que fala a exposição. Sobre como interpreto o mundo desenhando, projetando. Trata fundamentalmente de interpretação?, pontua Bracher, coautor do projeto com Bangert. A mostra passa em revista a mais de uma década de criações, entre móveis, utensílios e luminárias, além de vídeos e painéis fotográficos, que pretendem não somente ilustrar o processo criativo do designer, mas também compartilhar suas inquietações. Como ponto de partida, a ideia de remeter o visitante à atmosfera de seu estúdio nova-iorquino. E a intenção de confrontar o passado histórico do museu com uma estrutura estranha a ele. ?Procurei reproduzir no prédio uma espécie de ?frame?, similar ao mapa de um site. Assim, o visitante poderá ?navegar? pelo universo visual de Bracher como se estivesse online?, explica o curador, que, a pedido do designer, procurou apresentar sua obra da forma menos complicada possível. ?Nunca me interessou ocultar minha criação em meio à complexidade?, argumenta o designer, um assumido entusiasta do funcionalismo escandinavo. Algo que não chega a surpreender, levando-se em conta sua passagem pelo Danmarks Designskole, em Copenhague, onde se especializou em design de interiores, logo após se graduar em desenho industrial no Pratt Institute, de Nova York. ?Foram dez anos na Europa, o que, além do aprendizado intenso, ampliou muito meu raio de ação?, conta o designer, que tem no currículo passagens pelos estúdios de Tom Dixon, em Londres, e Giorgio Marianelli, em Milão. Atual diretor criativo da Georg Jensen ? especializada em joalheria e artefatos de metal ?, foi para a grife de luxo dinamarquesa que Bracher concebeu um dos poucos objetos que figuram em seu portfólio: o vaso Flora, de 2005. ?Busquei discutir neste projeto um contraste muito presente na natureza: a contraposição entre o simétrico e o assimétrico. A parte polida, por exemplo, foi concebida para refletir a cor e a textura naturais das flores?, explica. Não surpreende que tenha sido em meio aos designers escandinavos ? mestres nas artes do reducionismo ? que Bracher tenha encontrado terreno fértil para suas reflexões. ?Reduzir é algo importante para eles tanto quanto é para mim. Sempre procurei tirar tudo o que fosse desnecessário em um objeto, deixando apenas o que realmente precisamos nele. Acredito que só assim podemos conceber algo de fato genuíno, que não tenta ser outra coisa, além do que de fato é.? Exemplo emblemático, Alodia, desenhada para a Cappellini, em 2010, leva a ideia do reducionismo às últimas consequências. Sendo pouco mais que uma estrutura, surpreende por sua presença e materialidade. ?Não se trata exatamente de uma banqueta, mas sim de um encosto empilhável, pensado para receber os mais diversos tipos de ocupantes. Daí suas duas alturas e cinco cores, que podem ser combinadas entre si.? Outra de suas criações, a T n.1, mesa projetada em 2007 para figurar na coleção permanente da Fritz Hansen, foi também inspirada na natureza. ?Minha abordagem foi esquelética, com uma quantidade mínima de material, quase darwiniana. Ela não é mais que uma superfície, com costelas para suportá-la, uma coluna para segurar suas nervuras e pernas para mantê-la suspensa. Nada mais, nada menos?, explica o designer, no seu melhor estilo reducionista.    

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