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Histórias de São Paulo

O que foi regra virou exceção

Por Pablo Pereira
Atualização:

Volta e meia as calçadas de São Paulo retornam à agenda municipal. Essa preocupação com os passeios é antiga. Outro dia, reportagem do jornalista Diego Zanchetta lembrava que as primeiras calçadas paulistanas surgiram no Pátio do Colégio após Portaria Imperial de abril de 1822.

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Mas, pelo que se vê pelas ruas, esse é tema de avanços e recuos. Vemos por aí guia desalinhada; pintura (quando existe) rala; piso (quando há) irregular - uma pedra grita e outra não ouve. E o contribuinte pagando a conta.

O que ocorre com as calçadas da cidade é reflexo da cultura do mais ou menos, da tolerância com as coisas à meia-boca. Vivemos em um ambiente no qual o exato pode ser inexato. Muitas vezes a hora marcada não vale, o voo atrasa, o ônibus vem lotado, e comemora-se a nota 5. E esse lusco-fusco é visto até como uma "marca positiva" da brasilidade. Nivela-se pelo meio - daí para baixo. E segue o barco nacional.

Mas observando-se a história da formação paulistana, nota-se que as polêmicas calçadas paulistanas já foram bem arrumadinhas. É claro que isso ocorria em locais de urbanização bem visível - bairros nos quais fazia sentido cobrar a existência de passeio condizente com a pista. Nas periferias, infelizmente, não era sim. Essas áreas raramente estavam entre as prioridades nos orçamentos. Em muitos casos, passeio e pista só não são a mesma coisa porque entre elas há a vala de esgoto.

Claro que há cidades com os cortes e encaixes mal enjendrados nas vias públicas. Mas, aqui, trata-se de olhar o meio paulistano. Em livros de memória, de uma São Paulo menos adensada, se pode encontrar imagens de pavimentação de qualidade, sem calombos ou buracos, com guias retinhas, bem acabadas. Hoje, quando se vê que esse tema ainda rende longos debates envolvendo Executivo, Legislativo e a sociedade, nota-se o quanto se perdeu de cidadania. O que já foi regra, é exceção.

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(texto publicado em O Estado de S.Paulo)

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