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Kogan intervém no "design da sobreviência"

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Por Redação
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 Foto: Estadão

 

Um diálogo entre o design popular e o de autor está nas novíssimas criações desenvolvidas por Marcio Kogan. Batizada de Próteses e Enxertos, a série de 16 peças emprega, como ponto de partida, móveis de madeira produzidos em canteiros de obras por operários da construção, com a posterior intervenção do arquiteto.

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Exemplos? Cristal substitui o tampo de uma mesa e o caibro original de um banco dá lugar a outro de ouro. Os materiais nobres produzem um contraste instigante e, por isso mesmo, parecem valorizar aquele desenho - advindo da necessidade imediata de vivenciar da melhor maneira um ambiente de trabalho desprovido de conforto. "É um design da sobrevivência", considera o profissional, a respeito desse fazer. Outras vezes a ideia original ganha nova função, caso do pequeno banco que se transforma em tocador de Ipod.

O lançamento será na próxima terça-feira, na Micasa. Confira, a seguir, a entrevista exclusiva com o arquiteto, concedida hoje, por telefone.

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Como surgiu a iniciativa?É que sempre gostei dos móveis feitos nas obras. Como o pessoal não tem cama ou banquinho, faz as peças de uma forma racionalista, usando material reciclado ou que vai para o lixo. A ideia foi pegar esses móveis e fazer pequenas intervenções, com, por exemplo, outros materiais.

Dê exemplos das novas peças. Tem a mesa Radiola, em que um banquinho virou tocador de Ipod. A mesa Degustex, cujo tampo foi trocado por um de cristal. O bar Trilili, uma estante de projeto virada de cabeça para baixo que ganhou rodízios. O banco Chamego, que une dois bancos e usa, para isso, fibra de carbono. E uma das que eu mais gosto, que é o banco Amostrado, em que a gente tirou o caibro dele e trocou por ouro.

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Como caracterizaria aquela produção original? Para mim, é quase uma arte popular, com um conceito superracionalista. O trabalho deles é mágico. Talvez seja uma coisa bem brasileira esse tipo de produção, não sei. É uma espécie de design da sobrevivência...

E as intervenções, como foram feitas? São minimalistas. A transformação vem dessa segunda camada de visão sobre o móvel. Claro que houve um certo restauro nas peças, que foram, por exemplo, mais bem aparafusadas ou tiveram o excesso de cimento e farpas retirado.

Quanto tempo levou o desenvolvimento? Cerca de um ano. Gostaria de dizer que não é um trabalho só meu, mas também das pessoas do meu escritório. Todo mundo se envolveu.

Como essa produção será vendida? A proposta é não comercializar essa série inicial, que poderá, inclusive, ser exposta posteriormente em outros locais. E fazer duas cópias de cada para vender. Se uma pessoa gostou, por exemplo, da mesa em que há uma luminária, vamos novamente aos canteiros de obras para produzi-la. O resultado não será exatamente igual.

Os autores das peças originais vão receber algum tipo de remuneração? Não. Até porque foram peças recolhidas de maneira aleatória ao longo de um ano, o que fez com que a gente perdesse referências.

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