PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

O blog de esportes do Estadão

TÁXI!

Confesso: é um desvio pieguístico, típico de quem cresceu vendo telenovelas de Janete Clair. Sempre que chega nessa fase da Copa, perco meu tempo imaginando o destino dos derrotados. Tenho dó. É verdade. Depois de duas taças de vinho B na Mercearia, essa sensação aumenta - quase choro pelos despossuídos que aparecem sistematicamente numa das três TVs das paredes com o som desligado.

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Será que aqueles treinadores que chegaram à África do Sul vendendo autoconfiança tinham um plano B? Será que o Parreira terá alguém da federação sul-africana para levá-lo até o aeroporto? Ou deverá sair do hotel, ir até a rua, checar quantos rands sobraram no bolso e acenar para um malinês de praça? E Domenech, com seu ar de professor da École de France, terá alguém para buscá-lo no aeroporto Charles de Gaulle? Será que o Anelka, quando desembarcou em Paris, passou por um túnel que estava pichado com a inscrição VA TE FAIRE ENCULER? E Jong Tae-se, o atacante chorão da Coreia do Norte, que joga na J-League, após levar de 7 de Portugal e ser eliminado: será que ele prosseguirá no futebol ou o "governo do Povo" coreano vai mandá-lo para uma fábrica?

PUBLICIDADE

E David Villa, que pode ter jogado fora a chance da Espanha naquele pênalti perdido contra Honduras? Quando será que ele terá novamente a serenidade necessária para ir até aquele bistrô de Chueca? Quando o goleiro Green, da Inglaterra, devorador do primeiro frango da Copa, terá coragem de sair de seu apartamento para passear pelo Soho de novo? E o camaronês Samuel Eto'o? Quando sairá da situação de abatimento e voltará a brigar com torcedores racistas nas ramblas de Barcelona? E Shabalala, o autor do primeiro gol da Copa, conseguirá assegurar um bom contrato assim que voltar para casa?

É claro, também penso nos que sairão cheios de honra, já garantiram a reputação. O lateral suíço Tranquillo Barnetta, por exemplo. Eu o imagino lançando uma linha de camisetas com seu nome num shopping de Zurique, dando autógrafos na rua, estudando propostas do futebol turco. E me parece claro que Dennis Rommedahl e seus colegas da Dinamarca certamente serão recebidos com um jantar especial pelo chef René Redzepi, no Noma, recém-eleito o melhor restaurante do mundo, em Copenhague, e os invejo. Malditos vikings sortudos!

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.