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Música clássica decodificada

A cultura de Sergipe ao alcance de todos

Contra fatos não há argumentos: a Orquestra Sinfônica de Sergipe foi a primeira da região nordeste brasileira a realizar uma turnê nacional pelas principais salas de concerto do país. Um mérito cultural. A orquestra abriu sua turnê em Aracajú (SE), no elegante Teatro Tobias Barreto, continuando por Brasília (Teatro Nacional Cláudio Santoro), Rio de Janeiro (Sala Cecília Meirelles), Curitiba (Teatro Guaira) e São Paulo (Sala São Paulo) onde, este último, absolutamente lotado.  Sergipe entrou em um seleto time. A desenvoltura apresentada pela ORSSE surpreendeu a classe artística nacional. Os investimentos em diversos setores culturais são a pauta desta conversa travada com Eloísa Galdino, secretária de cultura de Sergipe, uma mulher de opiniões formadas e que dialoga de modo direto e seguro.

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Por Alvaro Siviero
Atualização:

1. Qual a motivação que impulsionou esta iniciativa? O que caracteriza hoje a cultura musical do Nordeste?

A turnê que a Orquestra Sinfônica de Sergipe realizou em 2009 tem relação direta com um movimento que começou em janeiro de 2007, quando o governadorMarcelo Déda assumiu o Governo do Estado. A Orquestra foi reestruturada. Os músicos foram valorizados e esse grupo musical passou a ter um espaço significativo na produção cultural e na propagação da nossa política de cultura, de modo que chegouum determinado momento em que a própria relação e o intercâmbio que esse grupo de músicos realizava com vários nomes da música brasileira e internacional, permitiu criar as condições para que eles empreendessem a primeira turnê de uma orquestra sinfônica do Nordeste, passando por capitais de grande porte, como Brasília e Rio de Janeiro, finalizando na Sala São Paulo, ela que é um símbolo da música clássica brasileira. Para nós, essa turnê foi resultado desse investimento e permitiu que o público brasileiro entrasse em contato com a música sinfônica produzida na nossa região.

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 Então nossa perspectiva é que surjam novos grupos e eles já estão proliferando. Nós temos, inclusive, do ponto de vista tradicional, as liras, que remontam o século XIX, e que estão presentes em todas as cidades. Hoje, com a entrada dos nossos jovens na universidade, nos cursos da área da cultura e principalmente no de música, esse movimento tem se fortalecido e nós temos estimulado cada vez mais o fortalecimento dessas liras e o surgimento de novos grupos que trabalhem coma música de câmara.

5. Um músico que cresce é aquele que não vive com reservas educacionais do passado. Como oferecer aos músicos bons orientadores, cursos de extensão e masterclasses? Como a ORSSE tem enfrentado - dada a distância geográfica dos grandes centros de ensino musical - esse desafio? No próprio desenho das temporadas da Orquestra Sinfônica temos a produção de intercâmbio com nomes como Nelson Freire e Maria João Pires, além de muitos outros quejá vieram interagir e se apresentaram com a ORSSE. Todos os anos nós produzimos esse intercâmbio e estamos também nos preparando, após esse momento financeiro difícil pelo qual passam os estados brasileiros,para a produção de uma nova turnê para a Orquestra Sinfônica

6. Nas vezes que estive em Aracajú, observei o enorme interesse do público sergipano em frequentar as salas de concerto. O que está sendo feito para canalizar esta substancial demanda? Que iniciativas estão sendo desenvolvidas na área cultural para maior democratização da cultura (também musical)? A Orquestra Sinfônica virou um símbolo da cultura sergipana. Um dos mais significativos produtos da política cultural empreendida no Governo Marcelo Déda. Ela saiu do espaço que é a sede dela,o Teatro Tobias Barreto, e foi para o interior, foi para as praças. Nós criamos grupos, quintetos e quartetos que se apresentam nos mais diferentes eventos. Tudo isso fez com que nós conseguíssemos ter um público cativo, que acompanha nossa ORSSEpra onde ela vai,e isso fez com que, naturalmente, a orquestra seja vista como um símbolo e um reprodutor deste interesse pela área da música.

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7. Quais são os novos projetos da Cultura Sergipana? Na área da música nosso grande projeto, aprovado pela Lei Rouanet, é a Orquestra Jovem, que vai permitir a educação na área da música a partir de um trabalho já realizado pela Orquestra Sinfônica. Depois, é o Encontro Nordestino de Cultura, que Sergipe deverá sediar no ano que vem. Este encontro tem mobilizado não só a nossa secretaria de Cultura, mas todas as secretarias da região, uma vez que é um espaço de fechamento de um ciclo, da política de cultura realizada nesses estados, para que possamos dar visibilidade nacional a este trabalho realizado em nosso Nordeste.

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