Procon-SP tem novo diretor. Vai melhorar?

Jousé Rios - colunista do Jornal da Tarde

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Por Marcelo Moreira
Atualização:

O governador Geraldo Alckmin nomeou Paulo Arthur Lencioni Góes para dirigir a Fundação Procon-SP pelos próximos dois anos. O escolhido é funcionário do órgão há 18 anos e conhece bem as mazelas e virtudes da casa.

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O voto de confiança do Conselho Curador do Procon, da secretária de Justiça, Eloisa Arruda e do governador dado a um funcionário de carreira, em lugar da escolha de alguém de fora dos quadros funcionais do órgão, como tem sido frequente, representa uma oportunidade que não pode ser desperdiçada pelo escolhido.

 É hora de mostrar que a maioria dos servidores do Procon veste a camisa da defesa do consumidor, e uma solução "caseira" poderá não deixar nada a desejar em relação a escolhas externas - em particular as de última hora.

Ok, agora vamos a duas preocupações. Primeira: o novo diretor, Paulo Arthur Góes (o "Paulinho," nos corredores) teve a sua maior projeção no Procon como diretor da fiscalização. E o que tem feito a fiscalização do Procon? Aplicado multas de valores vultosos - o valor máximo chegava a R$ 3 milhões, e agora poderá alcançar a cifra de mais de R$ 7 milhões, em razão da atualização dos valores.

No entanto, sabidamente tais multas do Procon enchem os cofres públicos de dinheiro, mas são inócuas quanto a pôr fim à impunidade dos grandes fornecedores. Esse fato é comprovado pela divulgação do ranking anual do órgão, o qual repete quase sempre as mesmas empresas e grandes bancos como campeões de lesões aos consumidores, apesar das multas milionárias aplicadas.

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Mais: multas burocráticas, para fins estatísticos, arrecadatórios e de visibilidade fácil - comandadas até então pelo Sr. Paulo Arthur Góes - somente infundem temor sério a lojinhas de esquina e pequenos comerciantes, que não têm como bancar defesas caras. Além disso, não têm, do ponto de vista comercial, o poder de repassar os custos das altas multas aos consumidores, como fazem os gigantes do mercado.

E, para não alongar, resumo a primeira preocupação, com a pergunta: será que, vindo desse ranço "multador", o novo dirigente do Procon mudará sua mentalidade de forma que as multas deixem de ser a prioridade da casa e se tornem uma medida melhor contextualizada e inserida no conjunto amplo e pedagógico de ações à disposição do órgão?

A segunda preocupação é o desafio do novo diretor do maior Procon do País de conseguir boa articulação interna, bem como com os fornecedores, consumidores e autoridades da área consumerista, a fim de recuperar a importância quea entidade já teve no passado.

Mas isso não depende só de Góes, mas também do interesse e apoio dos seus superiores - secretária da Justiça, Eloísa Arruda, pasta a qual está subordinada o Procon-SP, e o governador Geraldo Alckmin, que tantas vezes evocou a bandeira da defesa do consumidor em suas campanhas eleitorais.

Há mais um preocupação nesse quadro: que o novo dirigente do Procon-SP, caso perca o foco dos desafios mencionados, não se torne só mais um importante "produto de exportação" da instituição para os bancos, como tem ocorrido nos últimos anos.

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Apenas para citar dois exemplos, informo que a maior diretoria do órgão (existem cinco diretorias), que é a de Atendimento e Orientação ao Consumidor (a Daoc) está há cerca de um mês sem o seu titular, Robson Campos, que se mudou para o Banco Itaú. E não faz muito tempo que Evandro Zuliani, que exercia o mesmo cargo, abriu o caminho indo servir, com seu gabarito, à prestigiosa Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

Que Paulo Artur Góes dê vida nova ao Procon - e encontre nesta razões suficientes para não abandonar a honrosa causa consumerista.

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