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Um olhar brasileiro sobre os desafios de hoje no dia a dia Europa

Rei Juan Carlos se curva a Dilma

Por karlamendes
Atualização:
  Foto: Estadão

 

A foto do rei da Espanha Juan Carlos beixando a mão da presidente Dilma Rousseff foi a principal imagem não só do Estadão, mas também de muitos outros jornais de grande circulação no país. Além do cumprimento do monarca à presidente brasileira, há uma "sutileza" que para mim foi mais que acertada: o rei curvando-se a Dilma. Ou seja, a Espanha curvando-se ao Brasil.

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  Vivendo aqui há quatro meses, posso contar que, de fato, o interesse da Espanha pelo Brasil é algo impressionante. Conforme revelado por fontes diplomáticas do governo espanhol à imprensa local, o Brasil é "a prioridade dentro da prioridade que é a América Latina".

  E digo que essa é a mais pura verdade com propriedade. Quem acompanha meu trabalho aqui no Expansión, que é o principal jornal econômico daqui, sabe que já emplaquei muitas matérias do Brasil. Quando converso com empresários espanhóis, seus olhos "brilham" ao falar do Brasil.

  E de fato, não só o Brasil, mas a América Latina como um todo, tem salvado muitas empresas espanholas. Se a situação econômica da Espanha está mal com a nossa "ajuda", imagina o que seria se as principais companhias do país não tivessem encrustado suas raízes em nosso continente?

 

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E o presidente Mariano Rajoy não se cansa de esbravejar que a saída para o país é ir à América Latina. E issso não se restringe às grandes empresas, mas sobretudo às pequenas e médias. Com tanta importância, nada mais certo que o rei "se curve" a Dilma.

 

A mudança de postura do governo espanhol pôde ser percebida também em outro aspecto: à "boa vontade" para flexibilizar as exigências que são feitas para os turistas brasileiros que vem aqui. Não é segredo nenhum que desde 2008 se acentuou o número de reclamações de brasileiros impedidos de entrar no país sem uma justificativa plausível. Mas bastou o Brasil aplicar o princípio da reciprocidade a partir de 2 de abril para que a Espanha se mostrasse diposta a sentar na mesa de negociações.

 

Isso também não deixa de ser um reflexo da própria crise econômica, pois as agências de viagens daqui avisaram que as maiores exigências do Brasil se refletiriam negativamente no fluxo de turistas espanhóis para o Brasil, que é um dos destinos preferidos para eles na América Latina.

 

O tratamento dado pela imprensa daqui à visita do rei, claro, foi completamente diferente da nossa. Nos jornais declaradamente monarquistas ABC y La Razón, as frase de destaque na capa era "Las reformas no tardarán en dar frutos", que significa "as reformas não demorarão a dar frutos".

 

A ideia foi passar uma certa "tranquilidade" sobre a situação do país, exatamente no dia em que o vice-presidente da Comissão Europeia, Olli Rehn, e o novo ministro da economia da França, Pierre Moscovici, declararam apoio à proposta de que os fundos do Mecanismo Europeu de Estabilidade (Mede) injetem capital no sistema bancário espanhol sem que o governo peça oficialmente essa ajuda.

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Os jornais econômicos Expansión y Cinco Días, por sua vez, estamparam  foto de Dilma com os empresários. No primeiro, a presidente aparece cumprimentando o presidente da Repsol, Antonio Brufau. No Cindo Días, o presidente do Santander, Emilio Botín, também aparece curvado perante Dilma. Curiosamente, os jornais El País y El Mundo não estacaram a visita do rei nas suas capas. 

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão
      Foto: Estadão
      Foto: Estadão
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