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Diálogo intercontinental sobre futebol, com toques de política, economia e cultura.

'La Roja' a caminho de Fortaleza

Carles: Finlândia 0-2 Espanha e Georgia 0-0 França... acho que já posso ir escolhendo janelinha ou corredor, né?

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Por Carles Martí (Espanha) e José Eduardo Carvalho (Brasil)
Atualização:

Edu: E torcer para uma sede no Nordeste, uma boa praia, um camarão básico...

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Carles: No momento em que Negredo fez o segundo, os comentaristas da TV espanhola soltaram: queremos Fortaleza! Mas estavam pensando neles e não no time.

Edu: Agora basta o Marquês fazer esse time jogar. Continua sem variações e finalizando pouco, parece que ainda falta adrenalina.

Carles: Sejamos justos, faltaram uns quantos titulares. O jogo de hoje era dos que se tem que saber ganhar, mesmo que a atuação não seja brilhante. Adrenalina? Todo mundo por aqui aposta por Diego Costa e eu aposto na expulsão dele se La Roja se cruzar no caminho do Brasil, principalmente. Nesse caso, o sergipano vai estar pra lá de turbinado.

Edu: Desfalques? Piquet e Busquets fariam o que para esquentar esse time? É claro que era importante ganhar, mas estamos falando do campeão do mundo contra a Finlândia. Queríamos muito por aqui a Espanha na Copa e parece que já está garantido. Mas agora também esperamos uma grande Roja, como nos bons tempos. E não vejo muita novidade no horizonte de Del Bosque, a menos que Isco detone na Liga das Estrelas.

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Carles: É mais do que provável que Isco assuma as divisas desse time. Mas se o que você quer é ver o time rangendo os dentes e apertando os punhos, espere sentado, vai seguir sendo blasé. Ainda estamos aprendendo a nos relacionar com essa coisa de seleção nacional, porque o que veio antes de 2004 não conta. Se um jogo correto de passes permitir chegar longe, chegaremos, mas nada de sentir as cores verde e amarela, ops!, quero dizer 'auri-rojas'. As reações explosivas dos primeiros títulos já se dissiparam e acho que agora a Seleção Espanhola busca a sua identidade. Mas como imagino que você se refere a adrenalina no jogo, aí tampouco vejo esse time tão explosivo. Mesmo Isco, que tem todas as chances de ditar o ritmo, é um sujeito com jogo cadenciado. Insisto, Diego Costa é a única chance de acrescentar nitroglicerina. E falo sério.

Edu: Pode ser mesmo que Diego dê certo, se até Negredo consegue acrescentar alguma chispa. Mas não vejo que a Espanha tenha que mudar o estilo, longe disso, é sua marca registrada. E quando falo de adrenalina me refiro a uma dose homeopática, algo que dê uma sacudida de vez em quando, como alternativa mesmo, porque quase todo mundo tem usado os mesmos artifícios para neutralizar o time e quase ninguém se importa de dar à Roja a posse de bola que ela quiser, não tem problema. Basta ver o que fez a própria Suíça no Mundial da África e ganhou o jogo. Nem considero que aquela final contra o Brasil possa se repetir com aquele desenho, porque eram circunstâncias especialíssimas. Mas, hoje em dia, montar duas barreiras diante da área é o mínimo que se faz contra a campeã do mundo, seja a Itália, seja a Finlândia. Daí a necessidade de uma chispa.

Carles: Abrir o campo é o primeiro dos antídotos na lista do manual. Para isso e desde que não surja nenhuma novidade, as alternativas seguem sendo Jordi Alba que parece vai recuperando a forma e Jesusito Navas. Mas aí tem que acabar a ditadura do miolo. Está certo que é a parte marcante da personalidade desse time, mas desde que não seja uma imposição. Hoje nos últimos 15 minutos, quando a seleção da Finlândia se viu forçada a distanciar um pouco suas linhas, deu certo.

Edu: Mas nesses últimos minutos foi no contra-ataque e aí não vale, a não ser em ocasiões especiais, porque seria uma mudança radical de estilo. Contra times assim, fosse o Marquês um pouquinho mais ousado, bastava colocar Jesus Navas na lateral-direita e abrir o jogo de vez. Enfim, tudo depende como sempre do conservadorismo do técnico, que, ao menos deixou Arbeloa de fora e sequer chamou Torres, o que já é um bom tranco na família Del Bosque para todo mundo ficar esperto. O melhor de tudo é que a Roja estará aqui, assim como Hazard e sua turma, o English Team, obviamente a Itália e a Rússia de Capelo. Ficamos agora torcendo por Cristiano, que fez uma festa, e pela França, esta sim a mais ameaçada, não porque vai para a repescagem, mas por estar jogando francamente mal.

Carles: Repescagem e, desta vez, sem a mãozinha (literalmente) de 'Titi' Henry e com o consenso nacional sobre Benzema.

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Edu: Consenso nacional e internacional, porque a galera de Madrid também está 'hasta la coronilla' com Karem, suas dezenas de multas de trânsito e gols perdidos.

Carles: E não se esqueça dos meninos de Joachim, que praticamente também já se garantiram.

Edu: Claro, a Alemanha sempre é favorita ao título.

Carles: Bom, então vai pondo mais água no feijão que 500 aC segue, firme e forte.

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